Uso de medicamentos e direção: preocupação à vista

A Abramet, Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, elaborou um documento e está apresentando nesta semana às autoridades da saúde, um diagnóstico que serve de alerta a todos nós, motoristas de qualquer modelo de moto, automóvel, caminhão e ônibus, quanto ao uso de medicamentos e as consequências que podem provocar quando a pessoa está em direção.

Segundo a Abramet, o cenário nacional preocupa, pois dados divulgados pela Fundação Instituto de Administração (FIA) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (IBEVAR) registram que a compra de remédios já responde por 6,5% dos gastos das famílias brasileiras. O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos divulgou que a venda de medicamentos psiquiátricos disparou no Brasil após a pandemia de Covid-19, sendo que o consumo de remédios para ansiedade cresceu 10% entre 2019 e 2022, de sedativos, usados para dormir, aumentou 33% e o de antidepressivos saltou 34%.
Ainda, segundo o documento da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, aqui no Brasil, até o momento nenhuma legislação aborda os riscos da interface entre medicamentos e a direção, o que gera também um alerta extra para as autoridades.

O documento oferece uma análise da literatura científica disponível, trazendo a comprovação de que existe “associação entre o uso de medicamentos e o desempenho na condução veicular e/ou sinistros automobilísticos, com foco predominantemente em ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, antidepressivos, analgésicos opióides e anti-histamínicos”, assim como “outros remédios prescritos e/ou adquiridos sem prescrição também podem afetar a capacidade de condução segura, caso de anfetaminas, antipsicóticos e relaxantes musculares”. Tais conclusões decorrem de estudos práticos, descritos pela Abramet.
A diretriz preparada pela entidade avalia um conjunto de medicamentos comumente usados pela população e aponta os riscos associados à direção segura. “Essa é uma informação estratégica e de grande importância não só para o médico especialista, mas também para o usuário”, frisa Flávio Adura, lembrando que o brasileiro cultiva o hábito da automedicação.

O que aponta o estudo:
ANTIDEPRESSIVOS: Sonolência, hipotensão, tontura, diminuição do limiar convulsivo, prejuízo nas funções psicomotoras.
ANTI-HISTAMÍNICOS: Sedação, aumento tempo de reação e desempenho psicomotor prejudicado.
BENZODIAZEPÍNICOS: Quase todos os domínios cognitivos do desempenho do condutor são afetados.
HIPNÓTICOS Z: Sedação, lapsos de atenção, erros de rastreamento, diminuição do estado de alerta, instabilidade corporal.
OPIÁCEOS: Sedação, diminuição do tempo de reação, reflexos e coordenação, déficit de atenção, miose e diminuição da visão periférica.

A diretriz também oferece um conjunto de orientações não apenas para o médico do tráfego, como também para os demais médicos – que prescrevem medicamentos nas mais diversas especialidades; e para os motoristas usuários desses tipos de medicamentos. Ao médico do tráfego, a Abramet aponta um passo a passo no exame de aptidão, destacando os pontos de atenção a serem observados pelo especialista. A entidade informa que não cabe ao médico do tráfego questionar o uso de medicamentos pelo candidato a condutor, mas sim, avaliar os riscos e informá-los.

Informações do site: Abramet de 22/02/24